TEORIA E METODOLOGIA DA HISTÓRIA
O que é História?
Antes de começarmos o estudo da História é preciso entender as minúcias deste termo, pois o mesmo pode ser entendido como polissêmico, visto que de acordo com o tempo ganhou adaptações conceituais.
O filósofo Voltaire, ao tratar do conceito de História, em seu Dicionário Filosófico, argumenta que “História é a narração de fatos verdadeiros, ao contrário da fábula, narração de fatos fictícios”. E continua: “O início de toda história está nas narrativas que os pais contam aos filhos e são transmitidas de geração a geração” (p. 267).
A visão do Filósofo Voltaire era de uma história atrelada à Filosofia, mãe das Ciências, e não a de uma Ciência Histórica, pois o mesmo viveu no século XVIII, quando a História começa a ter outro sentido, consolidado no século XIX, desta forma, para ele a história era uma simples narrativa.
Já o Dicionário de Conceitos Históricos (Silva e Silva, 2006), emerge um significado mais contemporâneo para o termo em questão. Para os autores, “a função da História é fornecer explicações para as sociedades humanas, sobre suas origens e as transformações pelas quais estas passam. Essas explicações, por mais diversas que sejam, são feitas sempre sobre uma base comum, a temporalidade”.
A concepção de história mais influente no século XX e XXI é a de Marc Bloch. Para ele, a verdade era um dois princípios fundamentais da História, algo que o historiador deveria procurar identificar. Caberia assim, ao historiador, a tarefa de julgar os fatos, tentando alcançar a verdade.
Para o Historiador Eric Hobsbawm, o passado e a História são usados para legitimar ações do presente, ações políticas de diferentes cunhos, nacionalistas, étnicos, etc. E nesse caso, o historiador não pode se furtar a criticar seus maus usos.
Os métodos do estudo da História
Para os metódicos – os positivistas hoje são mais conhecidos – a História era feita de documentos escritos, sendo a principal tarefa do historiador era recolhê-los e submetê-los à crítica externa e à crítica interna para comprovar sua autenticidade. Nessa concepção, os documentos transmitiam o conhecimento histórico por si. Assim, segundo essa corrente, o documento era a prova concreta e verídica de um passado imutável que não precisava ser interpretado.
Mas, a partir da década de 1930, um grupo de historiadores franceses associados a revista Annales, impulsionaram a crítica à essa concepção de documento, influenciados por Karl Marx, precursor da contestação da pretensa objetividade imparcial da História, não , ainda no século XIX. Para Marx, todo historiador estava ligado a uma classe, não podendo ser imparcial, premissa que guiou a pesquisa dos materialistas históricos e dos Annales para o campo da interpretação e da análise, mudando o conceito de documentos.
A partir de então, o fato histórico deixou de ser entendido como dado de forma verídica e real pelos documentos; ele precisaria ser construído pelo historiador a partir de uma conjunção de fatores presentes e passados.
Ao mesmo tempo, uma emergente metodologia histórica, a História Oral, trouxe idéias inovadoras para a noção de fonte histórica, principalmente por criar seus próprios documentos: as entrevistas. O registro oral é o documento construído pelo historiador, tomando como base a memória do entrevistado.
O trabalho do Historiador
O historiador se apropria de muitas outras ciências, teorias, métodos e técnicas, buscando sempre atender sua tarefa primordial: “apreender o todo como uma combinação particular de seus elementos”. Seguindo isto, alguns historiadores parecem perceber a evolução da humanidade como um processo que parte gradativamente de um estado de completa homogeneidade para um de crescente diferenciação e complexidade social.
Nessa evolução, nossos ancestrais vêm deixando, há milhões de anos sinais de sua existência, como restos de construção, objetos de usos domésticos, vestimentas, calçados, obras de arte, pinturas, cartas.
Os historiadores chamam esses materiais de diferentes formas: documentos históricos, fontes históricas ou evidencias históricas.
Em seu trabalho de reconstrução do passado, portanto, os historiadores usam tanto informações de textos escritos quanto de outros tipos de evidencia, como pinturas, fotografias ou instrumento de uso cotidiano. Com isso, podem interpretar tanto a História das sociedades que possuíam escritas quanto a das que não a dominavam, e assim desvendar o passado das mais diferentes regiões do mundo.
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